Marketing Médico precisa de humanos ou pode ser parcialmente automatizado e delegado a uma Inteligência Artificial (IA)?
Os avanços da IA têm trazido grandes ganhos à Medicina. Ainda assim, a boa notícia é que a IA não vai substituir médicos. Mas surge uma nova pergunta: será que ela pode substituir quem faz o marketing médico? Qual é o limite entre o apoio estratégico e a delegação total de tarefas?
Neste artigo, vamos refletir sobre alguns riscos que a delegação total de tarefas à IA pode trazer, e te dar algumas dicas de como selecionar quais tarefas vale a pena assumir e quais você pode delegar no marketing digital.
Os riscos do uso da IA na Medicina
A Inteligência Artificial já está sendo utilizada para apoiar a realização de diagnósticos, fazer análise preditiva e prever riscos de doenças, organizar prontuários eletrônicos… mas ainda há muitos cuidados éticos e técnicos a considerar.
O principal risco é o uso indiscriminado de sistemas que tomam decisões clínicas sem supervisão médica ou fazem avaliações que acabam não condizendo com a realidade: as conhecidas “hallucinations”. É o que ocorre quando a IA inventa palavras ou fatos. Uma pesquisa conduzida pela Universidade de Michigan identificou uma porcentagem de 80% de “hallucinations” em transcrições de áudio feitas pela ferramenta Whisper, que é utilizada nos EUA por diversos centros médicos para transcrever consultas de médicos com seus pacientes (fonte: Researchers say AI transcription tool used in hospitals invents things no one ever said | AP News).
Outras preocupações apontadas por especialistas estão relacionadas com:
- diagnósticos incorretos feitas pela IA;
- vieses de dados e falta de transparência nos algoritmos;
- distanciamento na relação médico-paciente;
- não captação de dados ou informações essenciais;
- entre outras.
Além disso, a substituição da escuta ativa e do toque humano por decisões automatizadas levanta questionamentos sobre a humanização do cuidado, que é um valor essencial em qualquer prática de saúde.
A IA não vai substituir médicos. Mas será que vai substituir os seres humanos que fazem marketing médico?
A IA deve ser vista como uma ferramenta de apoio, não um substituto para o julgamento clínico ou o atendimento feito pelo médico especializado.
E quando se trata de marketing, o atendimento e toque humano também são importantes. Lembre-se que marketing é comunicação. Se você quer se comunicar com um humano, precisa ser humano também!
Ferramentas como ChatGPT, CoPilot, Midjourney, Canva com IA e outras plataformas têm potencial para agilizar tarefas repetitivas e economizar tempo, mas não substituem o olhar humano, nem sob o aspecto da criatividade e análise técnica, e tampouco sob o aspecto da humanização da comunicação.
A IA ainda depende de bons comandos, supervisão e revisão humana. Ela pode ser criativa, mas carece de senso crítico.
Além de tudo, é fundamental ter em mente que a IA estará criando para representar a marca de um profissional que também é uma pessoa. É essencial que essa pessoa assuma o controle da narrativa que será exposta sobre ela, e para isso, ela precisa supervisionar o que a IA faz.
5 atividades que NÃO vale a pena delegar totalmente à IA no marketing médico
Se, por um lado, a implementação de IA no dia a dia do marketing médico pode ser vista como um ganho de produtividade, por outro lado, há ações no marketing médico que ainda pedem olhar humano e conhecimento de causa (pelo menos se você quiser fazê-las com qualidade, ética e gerar bons resultados!). Veja 5 delas:
- Edição e revisão de textos
No jornalismo, existe a figura do editor, que é a pessoa que revisa, aprova e promove mudanças no texto dos jornalistas. Essa é uma tarefa que combina diversos talentos e habilidades, desde a gramática e regras de redação até a tarefa de “guardião” da linha editorial do veículo de comunicação.
Embora já existam IAs capazes de fazer esse tipo de trabalho se receber prompts adequados, não é um trabalho que vale a pena retirar das mãos de um humano.
A revisão de textos feita por um especialista em saúde ou marketing é essencial.
- Criação de identidade de marca
Construir a imagem de um profissional da saúde envolve mais do que imagens, paletas de cores e fontes de letras bonitas. A marca precisa refletir a personalidade do médico, a história, o estilo de atendimento, o público-alvo e os valores pessoais de quem atende. Esse trabalho exige conhecimento de semiótica, design, mas também escuta ativa, empatia, sensibilidade, criatividade.
- Relacionamento com pacientes nas redes sociais
Respostas automáticas podem ajudar, mas a humanização do atendimento digital é um diferencial. Um comentário sensível ou uma dúvida mais delicada precisa de alguém que saiba como acolher, ter a delicadeza de tocar ou não em certos assuntos, escolher bem as palavras.
- Análise estratégica de resultados
A IA pode mostrar os dados, mas a interpretação e o direcionamento estratégico ainda dependem de profissionais que conhecem o mercado, o contexto e os objetivos da clínica.
- Aprovação final de conteúdos
Seja um post, um vídeo ou um anúncio, é fundamental que um humano avalie se o conteúdo está ético, claro, adequado e conectado à proposta da clínica ou consultório. De preferência, o próprio médico! Afinal, aquele conteúdo representará ele, será associado a ele, a sua imagem. É fundamental que ele decida se as coisas estão saindo do jeito que ele quer e da forma como ele quer ser visto!
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Alexandre de Souza Teixeira
Head – Sócio Fundador da IN COMPANY e especialista em marketing médico e saúde em geral.
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